domingo, 18 de fevereiro de 2007

À conversa sobre anorexia

A anorexia é um problema que afecta sobretudo jovens adolescentes, por isso achámos que seria importante uma análise e debate do assunto nas aulas de Formação Cívica. Assim, na turma do 9ºA, fez-se uma recolha de artigos sobre esta temática, que foram depois explorados em aula.


Seguem-se alguns dos artigos analisados.



Anorexia: morte de manequim «deve ser exemplo»
2006/11/17


A família de uma modelo brasileira, que morreu vítima de anorexia, espera que o seu caso sirva de exemplo para outros jovens, enquanto que a agência que a representava garante que se preocupa com a saúde dos manequins.
Ana Carolina Reston Macan, de 21 anos, pesava apenas 40 quilos e morreu, na passada terça-feira, com uma infecção generalizada depois de ter passado 22 dias internada num hospital de São Paulo.
O caso da jovem, que sofria de anorexia nervosa, reavivou o debate sobre o emagrecimento exagerado de algumas modelos e um ideal de beleza que pode conduzir a desordens alimentares, especialmente em adolescentes.
«Por amor de Deus, cuidem dos vossos filhos e abram os olhos para não os perderem», declarou a mãe da modelo, Miriam Reston, à estação de televisão brasileira Globo. A mãe da jovem confessou que temia que a sua filha se irritasse com ela, se a obrigasse a comer, e assegurou que Ana Carolina era «tudo o que tinha na vida».
A família da modelo tentou que a jovem aceitasse ajuda médica mas ela não admitia estar doente, segundo uma prima.
A agência que representava a manequim garante que os seus princípios se baseiam em manter a boa saúde dos seus profissionais e lamentou o sucedido. Referiu ainda que nunca deixou de prestar ajuda à modelo.
De acordo com estudos efectuados pela Universidade de São Paulo, a anorexia é um problema das jovens em geral e não específico das modelos. «Desde 1997 que realizamos estudos com as modelos adolescentes (até aos 19 anos) e até agora não temos dados que nos permitam dizer que a anorexia é um problema típico destas jovens», afirmou Alexandra Magna Rodrigues, especialista em Nutrição e coordenadora do projecto Saúde Modelo, da Universidade de São Paulo.

in http://www.portugaldiario.iol.pt




Embora seja muitas vezes associada ao mundo das passereles na maioria dos casos as jovens anorécticas não são modelos.
Frequentemente a anorexia é acompanhada da bolimia.








Beatriz sabia que ia morrer
2006/12/27


Sofria de anorexia há quatro anos e chegou a pesar 27 quilos. Muitas vezes, ia para a escola tendo comido apenas uma pipoca. Após a morte das duas brasileiras devido à doença, disse à família que morreria em breve.

Beatriz Bastos, a jovem brasileira de 23 anos que morreu este domingo devido a complicações causadas por anorexia e bulimia, sabia que corria risco de vida. Segundo a agência brasileira Folhapress, que cita uma prima da jovem, após as mortes das duas brasileiras devido à doença, há cerca de um mês, Bia comentou com a família que estava convencida de que iria morrer em breve.
Sofria de anorexia há quatro anos e há cerca de três meses teve uma crise, chegando a pesar 27 quilos. Foi hospitalizada, ganhou peso e chegou os 35 quilos. Este domingo, véspera de Natal, sofreu uma paragem cardíaca enquanto tomava banho e outra na ambulância, a caminho do hospital. À chegada à unidade de saúde, morreu.
Bia foi obesa na adolescência, chegando a pesar 100 quilos e, segundo uma professora, foi muito gozada pelos colegas, que lhe chamavam nomes, nomeadamente, «Bia Botijão». Depois, começou a obsessão por emagrecer. Outra professora conta que «às vezes, ia para a escola tendo comido apenas uma pipoca».
A prima de Beatriz, Cristiane, contou à agência Folhapress, que «depois das refeições, a família ficava atenta para ver se ela ia à casa de banho, para evitar que vomitasse. Todos tinham esse cuidado, de nunca a deixar sozinha». Ainda assim, Bia insistia em provocar o vómito depois das refeições, principal traço da bulimia, doença que frequentemente acompanha a anorexia.
Em 2003 ficou internada por duas semanas, e há poucos meses, voltou a ser hospitalizada. Por insistência da família, a jovem tinha também tratamento psiquiátrico há mais de três anos. Mesmo assim, continuou com hábitos alimentares restritivos, que costumava dissimular na frente de outras pessoas.
Numa página do site Orkut, definia-se como «magra», mas dizia que comia de tudo, embora não fosse «muito fã de carne vermelha» e afirmava gostar de comida chinesa e japonesa. Nesta página, a jovem tinha também várias fotografias, entre elas, uma imagem de quando tinha 15 anos e «50 quilos a mais». Após a sua morte, o site recebeu milhares de mensagens de condolências e até alguns de revolta.
Beatriz Bastos é a terceira vítima brasileira conhecida de anorexia, nos últimos dois meses.
in http://www.portugaldiario.iol.pt




A anorexia nervosa é mais frequente entre pessoas do sexo feminino, cerca de 95% dos anorécticos são mulheres, todavia os rapazes também são afectados.



O que leva os rapazes à anorexia
2006/12/25 Elsa Resende, da Agência Lusa Lisboa



Querem emagrecer para ganhar músculo, mas arriscam a vida ao recusarem comer. A anorexia, distúrbio alimentar cuja perda excessiva de peso acompanha mudanças de comportamento, é uma doença rara que, embora mais visível nas raparigas, também afecta rapazes. Com 16 anos, Francisco (nome fictício) perdeu mais de 40 quilos em poucos meses. Aluno brilhante, empenhava-se em obter as médias desejáveis para entrar no curso de Medicina.
A ansiedade de querer alcançar as metas ambicionadas e o medo de ficar gordo à custa de uns «pneuzinhos» levaram-no a tornar-se mais agressivo, a isolar-se dos amigos e da família mas também a reduzir a comida no prato, que esfarelava e espalhava para dar a impressão de que era muita.
Cada vez mais magro – parecia um «velhinho» – ao ponto de as professoras já nem o reconhecerem na escola, Francisco perde-se nos receios de ficar «pançudo» e insiste em fazer grandes caminhadas e flexões debaixo da cama.
Começa a ter dificuldade em andar, calçar os ténis, abrir uma cómoda, apertar o fecho das calças. Com 1,80 metros de altura e 39 quilos de peso, Francisco corre risco de vida. É internado, por sua iniciativa, num hospital do Porto, depois de efectuar um teste de matemática. Sobrevive, recupera peso, já não quer morrer, como ameaçava tantas vezes a mãe, e arranja namorada, ainda que por pouco tempo.
Mas hoje, passados quatro anos, o pesadelo ainda persiste. O jovem, estudante de Medicina Veterinária, vomita propositadamente tudo o que come e tem pouco peso. Além de anoréctico, agora também é bulímico, uma consequência natural quando há desregulação do apetite.
«Não tem músculos, voltou à estaca zero», conta, amargurada, a mãe, Teresa (nome fictício).
«É um distúrbio alimentar que se caracteriza pelo radicalismo de atitudes, pelas práticas obsessivas, por uma percepção distorcida da realidade e um descontentamento do corpo. Um anoréctico não tem ausência de apetite, controla a vontade de comer por ter medo de engordar», explica Adelaide Braga, presidente da Associação dos Familiares e Amigos dos Anorécticos e Bulímicos.
Entre os rapazes e as raparigas anorécticos não existem diferenças abissais, a não ser no número de casos diagnosticados.
Por ser uma doença tão rara, em especial nos homens, não há estatísticas, salvo as das consultas da especialidade em alguns hospitais, nem tão pouco estudos epidemiológicos feitos em Portugal. Apenas se sabe que, à semelhança do resto do mundo, a taxa de prevalência da doença é de um rapaz para cada nove ou dez raparigas.
Nos rapazes, além da impotência sexual, é «mais visível» a corrida louca aos ginásios para ganharem músculos e queimarem gorduras que não têm, segundo o psiquiatra Roma Torres, coordenador do Núcleo de Doenças do Comportamento Alimentar do Hospital de São João, no Porto. De acordo com dados desta unidade, uma das poucas do País com consultas de distúrbios alimentares, nos últimos cinco anos foram atendidos 237 anorécticos, dos quais 228 mulheres e nove homens.
Apesar destes números, a presidente da Associação dos Familiares e Amigos dos Anorécticos e Bulímicos sustenta que «estão a aparecer mais casos» de rapazes anorécticos na instituição. Segundo a responsável, os rapazes «têm um sofrimento acrescido, escondem-se muito, por considerarem a anorexia uma doença das raparigas».
No limite, a doença pode conduzir à morte, por infecções generalizadas, e ao suicídio, este último sobretudo na fase de tratamento, por despertar os fantasmas do aumento da «barriguinha». Francisco esteve à beira da morte aos 16 anos, quando atingiu um índice de massa corporal muito inferior ao recomendado (14,5 em vez de 18,5) e negava-se a comer. Hoje, que tem 20 anos, a doença teima em moer-lhe o corpo e a alma e ele diz que não consegue livrar-se dela.
in http://www.portugaldiario.iol.pt







3 comentários:

Anónimo disse...

é triste saber que muitos ficam anoréticos por culpa dos colegas de escola... as pessoas não têm ideia do mal que fazem ao ignorar os outros ou em mal trata-los... pensa bem... será que és culpado por alguém estar neste caso????

Anónimo disse...

para mim é chocante saber que o mundo da moda é o "veículo" mais frequente para as pessoas entrarem num processo de anorexia........
um meio como este (moda) não devia levar a este problema pois é seguido e desejado por muitas pessoas.... e jovens principalmente!!!!

Anónimo disse...

tudo isto é verdade e eu fico sempre muito triste queando estas coisas acontecem!
tenho muita pena de todos e principalmente dos familiares.
espero que a minha prima não morra assim!(ela tem anorexia)