quarta-feira, 25 de março de 2009

Projecto Homem

Visita do 7º B ao Centro de Acolhimento do Projecto Homem, em Braga.

O Projecto Homem tem vindo a ganhar destaque no tratamento da toxicodependência. A ideia base nasceu em Itália, em 1979, inspirada na metodologia dos Daytop Village, nos Estados Unidos da América, onde surgiu a primeira comunidade terapêutica baseada em princípios da auto-ajuda.


A filosofia deste projecto define-se como um “programa livre de drogas”, uma vez que situa o problema da droga na pessoa que está por detrás da substância. A Equipa de Intervenção Directa, a Comunidade Terapêutica e a Reinserção Social são os alicerces do projecto.
A Equipa de Intervenção Directa, designada por “equipa de rua”, é uma unidade de intervenção directa junto de populações toxicodependentes, das suas famílias e, de uma forma geral, junto das comunidades afectadas pelo fenómeno da toxicodependência. A sua finalidade é fomentar a integração dos indivíduos em processos de recuperação, tratamento e reinserção social, através do desenvolvimento de acções articuladas de sensibilização, encaminhamento e orientação.Um dos objectivos passa por encaminhar os utentes para o Centro de Dia, mas não só. Também fazem prevenção primária. A equipa desloca-se a escolas, por exemplo, onde se fazem palestras e acções de informação e sensibilização. O trabalho desta equipa passa ainda pelo apoio às famílias, que acabam também por ser afectadas pela “doença”. São elas, na maior parte das vezes, que se apercebem e dão o alerta para a situação do toxicodependente.A equipa faz também trabalho na rua, que consiste do contacto com a comunidade e em especial com a população-alvo. A Equipa de Intervenção Directa é geralmente composta por um coordenador e um vivencial. “Vivencial” é aquele que já passou por todo o processo, pelo experimentar, pela adicção, pelo tomar de consciência da “doença” e pela luta da recuperação. Porque não basta dizer que se quer recuperar e voltar a ter uma vida normal. É uma luta ao segundo, com altos e baixos, com recaídas e nem sempre com um final feliz.
A Comunidade Terapêutica é uma unidade especializada que presta cuidados a toxicodependentes que necessitam de internamento. Fornece ainda apoio psicoterapêutico e socioterapêutico, com o objectivo de promover o tratamento e a reintegração. Quem ali se dirige é encaminhado ao longo de um percurso com três fases. A primeira delas inclui trabalhos específicos como sessões de terapia individual e familiar, em grupo e sessões psicopedagógicas.A segunda fase é um reconstruir da personalidade, o indivíduo é motivado para exteriorizar os seus sentimentos. Já na terceira fase prima-se pelo aprofundar desse auto-conhecimento que foi sendo estimulado ao longo das fases anteriores. Depois de ultrapassadas estas três etapas passa-se à Reinserção Social, cujo objectivo é a reintegração na vida activa.
A Reinserção Social é sobretudo um período para a pessoa continuar o seu crescimento e maturação, mas em condições de menor protecção, maior liberdade e contacto com a sociedade, para chegar a uma total autonomia pessoal e integração social. É também uma verificação dos resultados obtidos na fase anterior. O processo de Reinserção Social supõe alcançar um estilo de vida autónomo no meio da sociedade e normalizar a vida a nível pessoal, familiar, social e não só. O processo termina com aquilo que a equipa denomina de “alta terapêutica”. Depois disso os indivíduos continuam a reunir-se uma vez por mês, numa partilha contínua de experiências e vivências.Todo este percurso tem subjacente um conceito denominado “recuperação bio-psico-social”, uma vez que são essas as três vertentes sobre as quais o trabalho da equipa de terapeutas incide: corpo, mente e relação com o próximo.